quinta-feira, 29 de março de 2012

Temas de IML: Luva cadavérica

técnica da Luva cadavérica


Tecnica de POZZO Conhecida como "luva cadaverica" Para os corpos em decomposição é necessária a retirada da luva cadavérica, ou seja, a pele que recobre os dedos da mão do cadáver. O desenho explica como é a retirada dessa luva cadavérica. Corta-se transversalmente a pele do dedo alcançando com o corte a área de um anel. Depois, a pele do dedo é deslocada e retirads. Após isso, o tecnico veste a pele do cadáver sobre sua própria mão, previamente protegida por uma luva de borracha. Enfim, pode-se tranqüilamente fazer a tomada das impressões digitais :
Outro dia no IML, tive uma experiência nova. Com um caso de um cadáver em estado putrefeito, não podíamos colher digitais nos meios normais, diante disso o legista pediu pra mim e meu colega para fazermos a “luva cadavérica”. Eu nunca tinha feito, mas meu colega sabia e me ensinou. Pra começar devo explicar que com 6 dias de óbito em casa, a temperatura ambiente, o cadáver solta a própria pele.




A pele se solta com os gases e desprende-se dos musculos e pode ser puxada.


Assim toda pele da mão se soltou e retiramos toda a pele como uma luva e colocamos pra secar. Depois de algum tempo retiramos e vestimos a pele da mão do cadáver por sobre nossas luvas. Assim vestimos nas mãos por um momento a identidade de uma pessoa. Em seguida passamos a tinta papiloscopica e colhemos as digitais no ficha. Toda a papiloscopia das duas mãos foram feitas sobre nossas mãos. Após a colheita de digitais retiramos a pele e descartamos ao lado do corpo. Agora é interessante que vocês entendam um pouco sobre papiloscopia. Vamos conhecer com esse pequeno tutorial.

A identificação por impressão digital é mais rápida, barata, segura e mais fácil que outros métodos utilizados. Com a identificação evitamos a troca de corpos, sepultamento do corpo como indigente e o principal, com o confronto da digital devolvemos à cidadania a vítima, que pode ser enterrada pela família.



. Em casos avançados de putrefação, a equipe utiliza a técnica da “luva cadavérica” em que é retirada a derme da mão da vítima formando uma luva, que é colocada na mão do próprio papiloscopista para coletar as impressões digitais.
Existem várias formas para realização do exame de necropapiloscopia. Em casos de corpos carbonizados é possível fazer a identificação da vítima pela impressão digital.
“O exame varia de caso a caso. Em alguns deles, os papiloscopistas podem utilizar uma ou mais de uma técnica para obter o resultado esperado e necessário para o levantamento das informações.
A técnica:
Corta-se transversalmente a pele do dedo alcançando com o corte a área de um anel (1).
Depois, a pele do dedo é arrancada como um preservativo (2).


Após isso, o pesquisador veste a pele do cadáver sobre sua própria mão, previamente protegida por uma luva de borracha (3).

É a hora de ver se a capinha de dedo do morto serve no seu dedo.
Enfim, pode-se tranqüilamente fazer a tomada das impressões digitais (4 e 5).



sábado, 24 de março de 2012

Temas de IML: trajeto de tiro

A espoleta ou escorva pode ser anular ou central, conforme o local em que o percutor deve golpeá-Ia. A sua finalidade é incendiar a pólvora que constitui a carga do cartucho. Esta, ao queimar, desprende um grande volume de gases (2.000 ml/g), que, ao saírem através do cano, forçam a expulsão do projétil. As buchas, presentes principalmente nos cartuchos de projéteis múltiplos, próprios das armas de caça ou de alma lisa, apenas servem para conter a pólvora na cápsula (estojo), separando-a dos balins de chumbo.


FERIDAS PÉRFURO-CONTUSAS
Tanto do ponto de vista médico-legal, quanto do ângulo criminalístico, os disparos podem ser efetuados a distâncias variáveis entre a boca de fogo do cano da arma e a vítima.
1-Disparos (tiros) apoiados ou encostados, a distância zero;
2.-Disparos (tiros) próximos, a curta distância ou à queima roupa;
3-Disparos (tiros) a distância.


1-PROJÉTEIS DE BAIXA ENERGIA: Com velocidades de 100m/s até 500 m/s, na saída do cano.
1-Orifício de entrada do projétil:
É variável segundo a distância do disparo e conforme o projétil seja único ou múltiplo. Existem elementos que são comuns a todo tipo de tiro, independendo da distância entre a arma e a vítima: são os denominados efeitos primários do tiro.
Designam-se como efeitos primários do tiro as ações mecânicas do projétil sobre o alvo e que, via de conseqüência, são próprios do orifício de entrada e designam-se efeitos secundários do tiro aqueles que se relacionam com a ação ou com o depósito de produtos residuais da combustão dos explosivos, iniciador e propelente, bem como com corpúsculos metálicos provenientes da abrasão do ou dos projéteis na alma do cano.
-ORIFÍCIO DE ENTRADA NOS TIROS À DISTÂNCIA
Apresentam margem invertida, orifício regular.
Os efeitos primários do tiro compreendem:
a)ferida pérfuro-contusa ou lácero-contusa,
b) as orlas, a saber:
1-Orla de enxugo ou orla de limpadura é produzida pela limpeza dos resíduos existentes no cano da arma (pólvora, ferrugem, partículas etc.) que o projétil transporta e que este deixa ao atravessar a pele ou as vestes, ficando sob a forma de uma auréola escura em volta do orifício de entrada.
2-Orla de escoriação corresponde a uma delicada área, localizada em torno do ferimento pérfuro-contuso de entrada, em que a epiderme é arrancada pelo projétil quando penetra deixando exposto o córion: vermelho e brilhante, quando recente, e mate e escuro, após algumas horas.
3-Orla equimótica ou orla de contusão é produzida pelo projétil quando impacta sobre o corpo, quando se comporta apenas como um instrumento contundente (inclusive ao longo do túnel de trajeto). Evidencia-se como uma equimose, cuja extensão e intensidade está em relação, não apenas com o impacto do projétil como, também, com a textura dos tecidos da região: mais ampla, quando mais estreita e menos evidente quando mais firmes ou consistentes.

-ORIFÍCIO DE ENTRADA NOS TIROS À CURTA DISTÂNCIA
Já nos tiros a curta distância ou disparos à queima-roupa, isto é, aqueles desferidos contra o alvo situado dentro dos limites da região espacial varrida pelos gases e pelos resíduos da combustão do explosivo propelente expelidos pelo cano da arma. Ocorre a ação e deposição de alguns ou de todos estes elementos sobre o corpo ou sobre as vestes da vítima, constituindo-se, por contraposição, nos efeitos secundários do tiro.
Estes efeitos estão sujeitos a uma grande variação relacionada com o tipo e estado de conservação da arma, com a qualidade da munição, bem como com a natureza e/ou região do alvo atingido.
Estes efeitos secundários do tiro compreendem as zonas de contorno, a saber:
1-Zona de chamuscamento( queimadura)
É produzida pelos gases superaquecidos resultantes da combustão do explosivo propelente. É uma zona característica do orifício de entrada do projétil e é verificada pela ocorrência de queimaduras dos pêlos e da pele da vítima (bem como de tecidos, podendo-se dar a combustão das vestes quando estas se interpõem no local atingido e mais comum se forem de fios sintéticos).
2-Zona de esfumaçamento
É constituída por grânulos de fuligem resultantes da combustão da carga propelente, sendo superficial e se depositando apenas sobre a pele e/ou sobre as vestes interpostas, em tomo do orifício de entrada, deprimido, sendo facilmente removida da região por lavagem com bucha, água e sabão.
Aumentando a distância entre a boca de fogo e o alvo, cresce o diâmetro da zona de esfumaçamento, na medida em que vai se tornando cada vez mais tênue a deposição dos resíduos, cuja concentração diminui do centro para a periferia, com crescente perda da nitidez dos limites.
3-Zona de tatuagem
É composta por partículas de carvão (pólvora combusta) e de grânulos de pólvora incombusta, dispersas em torno do orifício de entrada, de bordas deprimidas, cujo diâmetro cresce progressivamente até perder-se a energia cinética de cada corpúsculo, assim como a aceleração de que está animado.


Com o crescente alargamento do cone de dispersão tem-se que, a uma distância de 35 cm entre a boca de fogo do cano da arma e o alvo, os pontos de tatuagem que se espalham sobre este último, já são poucos e bastante dispersos, praticamente, cessando de serem assinaláveis os seus efeitos, verificando-se que o contorno desta área ou zona perde totalmente a sua regularidade e a sua nitidez.

ORIFÍCIO DE ENTRADA NOS TIRO ENCOSTADO
Tiro encostado é aquele que é dado com a boca da arma encostada no alvo. Logo, todos os elementos que saem da arma penetram na vítima.
A ferida de entrada adquire o aspecto denominado de Câmara de mina de Hoffmann: orifício de grande tamanho, estrelado, de bordas laceradas, evertidas e irregulares, com descolamento dos tecidos do crânio, com o aspecto da cratera de uma mina, nos disparos encostados ou apoiados no crânio;
Casos especiais podem ser observados em alguns tipos de disparo:
-Sinal de Benassi: esfumaçamento da tábua externa dos ossos do crânio, em casos de tiro encostado;
Sinal de Puppe- Werkgarten: queimadura na pele pela estampa do cano da arma, no disparo apoiado.

Sinal do Funil de Bonnet: nos ossos, notadamente os planos, mostrando uma escoriação em forma de funil, cuja boca aponta o local em que o projétil sai do osso.


É o caminho que o projétil descreve no corpo, aberto (quando tem orifício de saída) ou em fundo de saco quando termina em cavidade fechada onde se aloja o projétil.
Trajeto do projétil deve ser diferenciado da trajetória do projétil (cujo estudo pertence à balística externa: fora da arma, mas também fora do alvo)
Pode ser único ou múltiplo (quando o projétil único se fragmenta, ou quando o cartucho apresenta projéteis múltiplos, ex cartuchos de caça, munição Glaser). Podem também serem: perfurante, penetrante ou transfixante.
Trata-se de um verdadeiro túnel escavado pelo projétil, durante a sua penetração, às expensas da energia transferida aos tecidos ao seu redor, que são primeiro comprimidos centrifugamente, criando uma cavidade temporária, para voltar ao normal após a passagem do projétil, ao longo do seu percurso, e que se traduz como um túnel equimótico ou hemorrágico, que se inicia com a orla de contusão ou orla equimótica, na superfície do corpo, ou pelo halo hemorrágico visceral de Bonnet, nas vísceras internas.

Cavidade Permanente é o orifício ou túnel permanente deixado no alvo pela passagem do projétil. E produzido pelo efeito esmagador (pressão) e cortante (laceração) do projétil. Dependendo do desenho do projétil, a cavidade permanente pode ser bastante larga, em diâmetro ou difícil de ser vista. Os menores orifícios são produzidos pelos projéteis ogivais ou arredondados não-expansivos e que não apresentam grande precessão.
Cavidade Temporária ou Temporal é o limite do deslocamento temporário dos tecidos pelo efeito hidrostático, quando da passagem do projétil.

2-ORIFÍCIO DA SAÍDA DO PROJÉTIL
Essas características independem da distância do tiro. pois os ferimentos de saída do projétil independem da distância do disparo.
Em geral:
-orifício maior que o de entrada (face aos fragmentos arrastados pelo projétil),
-orifício de forma irregular (devido aos movimentos deformidades que sofre o projétil),
-bordas evertidas (pela pressão de dentro para fora),
-sem orla de enxugo, nem de escoriação,-mas que pode apresentar orla equimótica ou raramente orla de contusão.


Trajeto do projétil: O caminho, reto ou em ziguezague, dependendo do ricochete, seguido pelo projétil dentro do corpo encontra-se rodeado por uma zona de necrose e laceração, por fora da qual há uma intensa infiltração hemorrágica.
A grande quantidade de energia liberada no sentido centrífugo leva a uma aceleração radial dos tecidos atravessados, formando-se, assim, a cavidade temporal, cujo diâmetro instantâneo é muito maior que o diâmetro do trajeto definitivo. Este movimento centrífugo persiste até o exaurimento por transformação de toda a energia cinética em energia elástica, quando a cavidade temporal atinge seu diâmetro máximo.
Logo a seguir, a energia elástica se transforma, novamente, em energia cinética e os tecidos, agora, são acelerados em sentido centrípeto, o que determina o colabamento da cavidade temporal. Gera-se, assim, uma nova pressão positiva, ao longo do trajeto, repetindo-se, novamente, o processo todo, sob a forma de ondas pulsáteis: fases sucessivas de expansão e colabamento da cavidade temporal (pulsação da cavidade), de amplitude paulatinamente decrescente ao longo do trajeto. O volume da cavidade temporal é proporcional à quantidade de energia cedida pelo projétil ao atravessar o corpo, que será tanto mais elevada quanto maior seja a velocidade do projétil.